O relatório anterior do Banco Central previa crescimento do PIB em 3,20%
Documento mostrou ainda que o mercado continua acreditando que o BC reduzirá a Selic dos atuais 9% ao ano
 São Paulo - Diante dos sinais de fraqueza e até do governo de que a 
atividade não se recuperou bem ainda, o mercado reduziu a previsão para o
 crescimento da economia brasileira neste ano, ao mesmo tempo em que 
manteve a estimativa para a Selic em 2012, com os especialistas prevendo
 mais cortes no futuro, de acordo com relatório Focus do Banco Central, divulgado nesta segunda-feira.
 A previsão é de que a taxa básica de juros do país -hoje a 9 por cento 
ao ano- encerrará 2012 a 8 por cento, e que o Produto Interno Bruto 
(PIB) crescerá 3,09 por cento, ante 3,20 por cento no relatório da 
semana passada.
 O documento mostrou ainda que o mercado continua acreditando que o BC 
reduzirá a Selic para 8,50 por cento na próxima reunião do Comitê de 
Política Monetária (Copom), em maio.
 Para 2013, as contas dos agentes consultados pelo BC melhoraram sobre o
 PIB, com expansão de 4,50 por cento agora, ante 4,30 por cento no 
último relatório. Para a Selic, o mercado reduziu sua expectativa em 
0,25 ponto percentual, para 9,50 por cento ao ano no final de 2013.
 "Observamos que o primeiro trimestre deve ter sido muito fraco em 
termos de crescimento, pois todos os indicadores antecedentes apontam 
nessa linha. Então o mercado foi forçado a revisar para baixo suas 
estimativas. E essa é uma tendência que deve continuar nas próximas 
apurações (do Focus)", explicou a economista da Tendências Alessandra 
Ribeiro.
 Segundo ela, a consultoria reduziu sua previsão de crescimento de 3,2 por cento para 2,5 por cento em 2012.
 A flexibilização da política monetária é uma das armas usadas pelo 
governo para estimular o crescimento econômico. Até então, o objetivo 
era garantir uma expansão na casa de 4 por cento do PIB neste ano. 
Entretanto, já há avaliações dentro da própria equipe econômica da 
presidente Dilma Rousseff de que a expansão pode ser bem mais modesta, 
perto de 3,2 por cento.
 Um sinal de alerta surgiu na semana passada para a economia brasileira.
 O BC divulgou na sexta-feira que o Índice de Atividade Econômica do 
Banco Central (IBC-Br), considerado uma espécie de sinalizador do PIB, 
desacelerou para uma alta de 0,15 por cento no primeiro trimestre deste 
ano ante o anterior.
 Entre outubro e dezembro passados o indicador havia mostrado expansão 
de 0,20 por cento sobre o trimestre imediatamente anterior. .
 Ao lado da produção industrial, esse foi um dos fatores citados pela 
economista da Tendência para explicar as expectativas piores para a 
expansão do PIB. Em março, o Instituto Brasileiro de Geografia e 
Estatística (IBGE) informou que a produção industrial havia recuado 0,5 
por cento frente a fevereiro, fechando o primeiro trimestre do ano 
também com perdas de 0,5 por cento sobre o quarto trimestre de 2011.
 "Fica difícil sustentar um número acima de 3 por cento (do PIB), mesmo 
com todos os estímulos, pois existe um cenário de incerteza externa 
potencializado por um cenário de incertezas internas", completou 
Alessandra.
 O governo mantém em aberto o caminho para mais reduções na Selic ao 
deixar claro que o recente movimento de alta da inflação não preocupa e 
ao rejeitar que isso possa prejudicar o cumprimento da meta de inflação 
neste ano, cujo centro está estipulado em 4,5 por cento.
 Em abril, o Copom reduziu a taxa em 0,75 ponto percentual, para os 
atuais 9 por cento ao ano, menor nível desde abril de 2010, quando 
passou de 8,75 por cento ao ano -menor patamar histórico- para 9,50 por 
cento.
 Para a inflação, as estimativas apontam que o Índice Nacional de Preços
 ao Consumidor Amplo (IPCA) fechará este ano em 5,21 por cento, frente 
aos 5,22 por cento vistos no relatório da semana passada. Entretanto, 
para 2013 a expectativa foi elevada de 5,53 por cento na semana passada 
para 5,60 por cento, o que foi considerado também um ponto de destaque.
 "Existe uma perda de fôlego da atividade econômica, mas a inflação 
continua bastante rígida. Isso é um ponto de preocupação, porque se 
estivéssemos em um processo de aceleração da economia a inflação estaria
 muito mais para cima", avaliou o economista chefe da Austing Rating 
Alex Agostini.
 Ainda segundo o Focus, a taxa de câmbio prevista pelo mercado para o 
fim de 2012 é de 1,85 real por dólar, inalterado ante a semana passada, 
apesar de a moeda norte-americana estar acima dos 2 reais e o próprio BC
 já ter feito uma intervenção para segurar mais altas.
Fonte: Exame.com 
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